RODA CULTURAL DO ENGENHO DO MATO

 A Roda Cultural do Engenho do Mato é um coletivo suprapartidário e sem fins lucrativos, que acontece na Praça Irênio de Mattos Pereira, ou Praça do Engenho do Mato, em resposta às demandas da comunidade local - hoje carente de eventos culturais - e da classe artística fluminense, com a produção e a difusão da cultura, facilitando a todos o livre acesso e o pleno exercício dos direitos culturais. 

Coordenado pela moradora do bairro, Aline Pereira (Letras - UERJ FFP), o objetivo do projeto é gerar integração e crescimento no local, organizando uma rede colaborativa formada por artistas,  estudantes e trabalhadores urbanos, no sentido de fortalecer os esforços desenvolvidos nas rodas culturais que movimentam a cultura popular e independente no Rio de Janeiro. O projeto funciona como catalizador, buscando colaboradores para o impulso das atividades culturais em Niterói. Desse modo, toda intervenção artística é bem-vinda. A Roda Cultural do Engenho do Mato envolve um movimento com a adesão de músicos, artistas plásticos, fotógrafos, atores, produtores, dançarinos, escritores, malabaristas, artesãos, atletas, universitários, profissionais liberais, autônomos e membros da comunidade local, no contexto de vida do trabalhador urbano e sua relação com a arte de rua. 

O local escolhido foi a Praça Irênio de Mattos Pereira pois além de ser um lugar estratégico que funciona como um trevo - cercado pelo Posto Médico de Família, o Ciep e o núcleo do comércio local - fica numa região carente de projetos culturais que valorizem a produção artística independente. O projeto consiste em um encontro semanal, previsto para ocorrer aos domingos, centrado na Biblioteca Comunitária Móvel e na Batalha de MC's (Tema), mas não se limitando às modalidades do rap. A reunião prevê o Sarau Literário, a apresentação desportiva, a dança, com a manifestação espontânea do público e a interação do mesmo com as diferentes formas de expressão da cultura. Para evidenciar a demanda de uma biblioteca, já que a única que existe no bairro se mantém fechada há anos, organiza-se a Biblioteca Comunitária Móvel, formada a partir de doações, com troca e empréstimo de livros. Assim, conforme o art. 5º da Lei nº.10.846/96, o projeto Roda Cultural do Engenho do Mato tem como objetivos:

- apoiar a criação, produção, valorização e difusão das manifestações culturais, com base no pluralismo e na diversidade de expressão, promovendo o livre acesso da população aos bens, espaços, atividades e serviços culturais; 

- estimular o desenvolvimento cultural, para que o mesmo ocorra de maneira equilibrada, valorizando o planejamento e a qualidade das ações culturais para o desenvolvimento cultural do Estado; 

- incentivar a divulgação do conhecimento, em especial sobre a organização da cultura e a renovação das linguagens artísticas; 

- incentivar o aperfeiçoamento de artistas e técnicos das diversas áreas de expressão da cultura;   

- promover a circulação de bens e atividades culturais, destacando os seus produtores e produtos; 

- valorizar os modos de fazer, criar e viver dos diferentes grupos formadores da sociedade.

Entre as metas do projeto, pretende-se organizar futuras oficinas, criando oportunidades para os membros da comunidade local, no intuito de integrar e defender os bens culturais pertinentes à vida cotidiana dos moradores da região. Além disso, o projeto envolve a realização de shows acústicos, marcados pela espontaneidade e pelo improviso, que serão  filmados e disponibilizados neste blog.

A organização da Biblioteca Comunitária Móvel é supervisionada pela  formanda em Letras (Português/Literaturas) da UERJ - FFP, Aline Pereira, e pela estudante de Psicologia (UFF), Estela Cardoso Pereira. A Biblioteca Comunitária Móvel oferece títulos clássicos da literatura para a comunidade local, funcionando a partir de doações. Cada pessoa, por vez, pode levar gratuitamente até 3 livros. Nenhum livro é vendido, e aceita-se doações. Para complementar a atmosfera literária, a organização do Sarau e do Cordel Literário.

Já manifestaram apoio ao projeto moradores locais de diversas idades e membros da Associação de Moradores do Engenho do Mato, além de produtores, fotógrafos, artistas do Rap, jovens rimadores e músicos, como o percussionista Leo Piaba, que atua na produção da Roda Cultural do Engenho do Mato. Além das atrações musicais, o grupo Capoeira Brasil, com o professor Kalunga, bastante reconhecidona Região Oceânica, e a turma de Kung Fu do Mestre Índio Machado, que ensina há mais de 10 anos a arte marcial na Região Oceânica de Niterói. Ambos desenvolvem projetos no sentido de fomentar a prática desportiva entre a população local. 

Com a finalidade de desenvolver atividades educativas para ajudar a conscientizar a população quanto a importância da Coleta Seletiva, já foi encaminhada à Reciclin a proposta de uma parceria, com obtenção de dois tonéis de lixo, um para o lixo orgânico e outro para o reciclável. Após três edições da Roda Cultural do Engenho do Mato, a produção de lixo não se tornou necessariamente um problema, entretanto, o aumento é evidente, e os tonéis da Reciclin servem para que o lixo produzido tenha um destino apropriado. Estima-se a criação de placas orientando a população a não jogar o lixo no chão, além da distribuição de lixeiras e cinzeiros feitos de material reciclável, pois na Praça em si não existe uma lixeira da Prefeitura de Niterói, apenas uma do outro lado da rua. 

Assim, dentre as metas dos coordenadores da Roda Cultural do Engenho do Mato, consiste o trabalho para auxiliar na conscientização de preservação ambiental, considerando que o Engenho do Mato é o maior bairro da cidade de Niterói, e faz limite com Itaipu, Jacaré, Rio do Ouro, Várzea das Moças e com o município de Maricá, pela Serra da Tiririca. O Parque Estadual da Serra da Tiririca, criado pela Lei Estadual 1901, de 29 de novembro de 1991, foi declarado Reserva Mundial da Biosfera pela ONU para Educação, Ciência e Cultura no ano seguinte. Em 2012, teve seus limites ampliados pelo Decreto Estadual 43913, incorporando a Reserva Municipal Darcy Ribeiro, as ilhas Pai, Mãe e Menina e o Morro da Peça, passando a abranger uma área de 3.568 hectares. Dessa maneira, é imprescindível ampliar os cuidados e conhecimentos ambientais na região, cujo bioma é a floresta atlântica e os ecossistemas costeiros. Além disso, também é meta do projeto Roda Cultural do Engenho do Mato o resgate histórico da região, atualmente abrangida pelo Parque Estadual da Serra da Tiririca, que no século XIX foi visitada pelo naturalista inglês Charles Darwin. O bairro do Engenho do Mato abriga parte da rota de Darwin, uma unidade de conservação fluminense entre Niterói e Maricá, com áreas de Mata Atlântica, costões rochosos, restinga, mangue e banhados, portanto, a valorização da história do bairro é também um modo de proteger e fomentar o roteiro turístico-científico da região. 

A estimativa de público da Roda Cultural do Engenho do Mato nas três primeiras edições foi de aproximadamente, em cada uma, 75 pessoas, de todas as idades e ambos os sexos, a maioria, entretanto, formada por jovens estudantes. A partir das três primeiras edições, buscamos fortalecer o incentivo à cultura em Niterói, enfatizando a necessidade de profissionalização dos agentes culturais, para ajustar o fazer criativo ao mercado. Se a troca de forças entre artista e público não acontecer, e as formas de distribuição continuarem frágeis como estão na cidade de Niterói, não haverá articulação como classe de trabalho. Dessa forma, a Roda Cultural do Engenho do Mato parte de ações para estimular a circulação e a fruição dos bens culturais, e fortalecer as cadeias produtivas do setor. Participam do Movimento colaboradores que desenvolvem carreira artística, como Pedro Zoli, RefetiCidade, Mikimba Relevância, entre outros, e parceiros que fortalecem as atividades da Roda, como o cantor e compositor Raphaello Mazzei, os grupos de rap Projeto5, Audio Ativo, Projeto Coletivo, Rua 22, Paulo Junior, da banda de reggae Unidade Punho Forte, e outros artistas que representam o talento e a tradição cultural de Niterói.